Comentários bíblicos

UM BREVE RELATO SOBRE NINRODE. GN cap.10. vs. 6-12.

1. Nome e Família

São disputados tanto a origem desse nome quanto se o mesmo é semítico ou não. Talvez venha do egípcio, mrd, . Ele era filho de Cuxe, um guerreiro e caçador. Ninrode fundou o reino da Babilônia, que, com o tempo, chegou a incluir a Assíria (Gn 10.6-8). Sendo filho de Cuxe (1 Cr 10.10), Ninrode estava relacionado ao Cuxe camítico de Gênesis 10.6.

2. Descrições e Identificação

Em Gênesis 10.8,9, Ninrode é chamado gibbor, . Ele era habilidoso como lutador, matador, e caçador, três coisas nas quais os homens encontram muita glória, desde a antiguidade até hoje. Os estudiosos comparam-no com Sargão, de Agade (cerca de 2.330 a.C.), que também foi grande guerreiro e caçador, e que veio a tornar-se um dos remotos líderes assírios. Não há que duvidar que homens da estirpe de Ninrode e Sargão deixaram muitas lendas, que se desenvolveram em torno de suas pessoas. À semelhança de certos heróis gregos, foram reputados semideuses ou , no sentido grego desse vocabulário.

Divindades como Ninurta (Nimurda), e outros deuses babilônios e assírios da guerra e da caça, eram incensados da mesma maneira que Ninrode o foi. Por essa razão, os eruditos supõem que Ninrode represente alguma antiga mitologia que mais fazia parte da religião do que da história. E outros vêem em Ninrode o protótipo de Nino, o fundador clássico da cidade de Nínive. Ou, talvez, ele tenha sido o mesmo Gilgamés, um rei heróico épico de Ereque (cerca de 2.700 a.C.). Havia um antiquíssimo provérbio aplicado a ele: "como Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor" (Gn 10.9). Ainda outros estudiosos procuram encontrar alguma ligação entre Ninrode e Marduque, uma das principais divindades babilônicas.

Os estudiosos conservadores, naturalmente, contentam-se com a interpretação que vê Ninrode como uma personagem histórica sem importar se lendas e mitos vieram a vincular-se mais tarde a seu nome, incluindo noções de divindade. É curioso, para dizer o mínimo, que muitos nomes locativos, na Babilônia, reflitam esse nome, como Birs Ninrud, Tell Nimrud (perto de Bagdá) e o cômoro de Ninrode (antiga Calá). - Essa circunstância ilustra o fato de que havia uma rica tradição em torno de sua pessoa.

3. Reino de Ninrode

O reino ou (Mq 5.6), refere-se à região adjacente à Assíria, a qual incluía as grandes cidades de Babel, Ereque (Warca), Acade (Agade), além de várias outras, na (Gn 10.20; 11.2). O trecho de Gênesis 10.11 relata como Ninrode fundou Nínive, Reobote-Ir, Calá e Rosen. Se, realmente, ele foi uma personagem histórica, então floresceu em cerca de 2.450 a.C. Os muitos nomes de lugares que incorporam o seu nome emprestam crença à sua historicidade, embora saibamos tão pouco a respeito. Poderia ter-se seguido a sua deificação, fazendo com que seu nome se misturasse com religiões subsequêntes. Se o Cuxe babilônico tiver de ser identificado com Quis (conforme alguns estudiosos supõem), então já teremos um pouco mais de informações sobre o reino fundado por Ninrode. A dinastia de Quis teve vinte e três reis que representaram a primeira dinastia mesopotâmica, e que governou pouco tempo depois do dilúvio de Noé.

4. Caráter

A Bíblia fornece-nos algum relato relativo a Ninrode. Mas o significado do seu nome, , parece fazer dele uma espécie de anti herói indesejável. Ele era o tipo de rei que Deus jamais aprovaria, um caçador e matador, em contraste com a ideia de um rei pastor (ver 2 Sm 5.2; 7.7; Ap 2.27; 19.15). Um caçador satisfaz-se às custas de suas vítimas. Mas um pastor preocupa-se em proteger seus animais e cuidar deles. Por outro lado, a declaração de que ele foi (Gn 10.9), poderia ter a intenção de ser um elogio. Coisa alguma era e continua sendo mais comum do que a glorificação da força bruta, por parte dos homens; e nada é mais comum do que dar pouca importância ao sofrimento humano.

Ninrode foi o mais eminente líder dos 400 anos entre o dilúvio e Abraão. Neto de Cão, nascido logo após o dilúvio, a julgar pelas idades mencionadas em 11.10-16, pode ter vivido todo o período. Foi um homem deveras empreendedor. A fama de poderoso caçador adveio-lhe de ser ele protetor do povo, num tempo em que animais ferozes eram uma constante ameaça de morte. Nos sinetes e relevos babilônicos primitivos muitas vezes se representa um rei em luta com um leão. Pode-se ser isto uma tradição de Ninrode.

Na ambição de controlar a multiplicação e a dispersão rápida da raça, parece que ele assumiu a direção da empresa Torre de Babel (10.10); (11.9). E depois da confusão das línguas e a dispersão do povo, parece que Ninrode, logo mais, continuou a obra da cidade de Babilônia. Construiu então três cidades próximas: Ereque, Acade e Calné, e consolidou-as em um reino sob seu governo.

A Babilônia foi por longo tempo conhecida como "País de Ninrode". Depois fizeram-no deus da cidade do mesmo nome, sendo o nome dele idêntico a "Merodaque". Ambicionando ainda controlar a raça que sempre se dispersava, Ninrode dirigiu-se 482 km mais para o norte e fundou Nínive (embora haja uma versão de que foi Assur) e três cidades vizinhas, Reboque, Calá e Resen. Constituíam o seu reino setentrional. Durante muitos séculos as duas cidades, Babilônia e Nínive, fundadas por Ninrode, foram as principais do mundo. Inscrições cuneiformes declaram que a colonização de Nínive partiu da Babilônia, o que é confirmação arqueológica de Gn 10.11.

 

PERÍDO PATRIARCAL OU ERA PATRIARCAL.

 

Esboço:

 

1. Definições

2. Estilo e Condições de Vida

3. Dirigentes

4. Costumes Ilustrados pela Arqueologia

5. Estrutura da Família

6. Religião do Patriarcas Bíblicos

7. Cronologia

 

1. Definições

A palavra grega por detrás desse vocábulo é uma combinação de pater, = pai, e archés, = cabeça, chefe. Os patriarcas bíblicos são aqueles que são considerados os fundadores da raça humana, Adão e Noé (este último através de seus três filhos, Sem, Cão e Jafé; Gn 10.); ou então aqueles que foram cabeças ou fundadores das doze tribos de Israel. O vocábulo também é aplicado a Abraão, no Novo testamento, em Hb 7.4, por ser ele o fundador (progenitor) da nação hebréia, sendo também o pai dos homens espirituais, tanto judeus como gentios, que sigam com seriedade a vereda espiritual. Os filhos de Jacó são chamados patriarcas em At 7. 8,9 e Davi é denominado desse modo, em At 2. 29. O período patriarcal é aquele período de tempo da formação da nação hebréia, antes da época de Moisés.

2. Estilo e Condições de Vida

Os patriarcas viviam em estilo seminômade, nas terras do chamado Crescente Fértil. Abraão e sua família imediata viveram de Ur, na Caldéia, até o Egito, trazendo consigo seus rebanhos e demais possessões. As riquezas eram calculadas sob a forma de propriedades móveis. A única coisa que Abraão comprou, até onde vão os registros sagrados, foi um campo onde havia um local próprio para sepultamentos, para sua família, começando por Sara. A arqueologia tem demonstrado que os nomes bíblicos que aparecem na história de Abraão eram comuns em sua época. Além disso, nomes similares têm sido encontrados entre os amorreus do período. Esses eram semitas ocidentais, alguns dos quais se mudaram para a Caldéia, ao sul da Mesopotâmia, e que formaram o antigo império babilônico, dentre os quais Hamurabi foi o principal governante. O nome amorreu vem de amurru, que significa ocidentais, visto que entraram na Mesopotâmia vindos do noroeste. Naturalmente, os relatos bíblicos mostram que eles formavam um povo que ocupava a Palestina no tempo dos patriarcas, como parentes chegados destes. O trecho de Ezequiel 16.3 reflete esse fato.

As viagens eram constantes. Abraão modou-se de Ur da Caldéia para o Egito, no decurso de sua vida. Jacó viajou pela Palestina acima, até Harã, e então voltou (Gn 28.35); e, mais tarde, tranferiu-se para o Egito, o que armou o palco para o drama da escravidão dos israelitas nesse país, antes do Êxodo Gn 37. 28-36.

3. Dirigentes

O pai era o chefe da família. O mais idoso e mais poderoso pai tornava-se o chefe do seu clã, que dele descendia. Acima dessa estrutura, podia haver um melek, isto é, um rei. Porém, quase todos esses reis eram apenas dirigentes de clãs, que conseguiam reunir forças militares para impor aos outros a sua vontade ou para proteger o território deles. O trecho de Gn 14. 1,2 conta acerca de quatro desses reis; mas alí são destacados apenas chefes de clãs, e não chefes de cidades-estado, e, muito menos, de nações.

Provavelmente, nessa época já havia tal coisa como as cidades-estado. Por exemplo, Melquisedeque é chamado rei de salém (Jerusalém), podemos imaginar que essa cidade controlava as áreas adjacentes.

Devemo-nos lembrar que nada menos de dez dinastias, ou mesmo mais, tinham subido sucessivamente ao trono do Egito, antes de Abraão chegar a Palestina; e que os egípcios representavam uma avançada civilização, antes e durante o tempo de Abraão, quando este, e sua gente eram apenas pastores e criadores de gado que viviam como nômades.

4. Costumes Ilustrados pela Arqueologia

As descrições bíblicas têm paralelo bem próximo nos registros achados em tabletes com escrita cuneiforme, como aquelas descobertas em Nuzi, perto de Quircuque, na época de 1920. Foram encontrados cerca de quatro mil desses tabletes, fornecendo-nos preciosas informações sobre a vida na época, incluindo muitos paralelos bíblicos. As mais diversas questões são ilustradas, como documentos escritos, costumes de adoção, os terafins, práticas de sepultamento, mães substitutas, poligamia, famílias polígamas, costumes entre as irmãs, contratos, testamentos, etc., etc.

5. Estrutura da Família

Dentro da unidade da família, o pai era o chefe da casa. Também era o sumo sacerdote, responsável por dirigir devidamente os ritos e costumes da fé religiosa. O pai estendia sua autoridade sobre outras famílias, como um autêntico patriarca. Seu filho mais velho vinha a substituí-lo, quando falecia. Esse filho era o herdeiro (Gn 15.2 e ss).

A história de Jacó mostra que um pretendente podia obter esposa trabalhando para o seu futuro sogro, sem dúvida regulado por algum tipo de contrato, escrito ou verbal (Gn 29. 18,27). Uma filha, com frequência, era dada como um presente se seu pai estivesse interessado em obter um determinado genro. Outrossim, uma criada (usualmente uma escrava) era dada como um presente, pelo pai, a uma sua filha, quando esta se casava (Gn 19. 24,29), e às vezes tornavam-se parte integral da família, e às vezes tornavam-se segundas esposas ou concubinas do marido de suas senhoras.

6. Religião dos Patriarcas Bíblico

 

 

UM BREVE RELATO DA VIDA DE NOÉ E SUAS GERAÇÕES

 

GÊNESIS CAP. 6. 1-11. 32

 

A terra não era mais o paraíso perfeito que Deus planejara. É assustador ver a rapidez com que as pessoas se esqueceram de Deus. Em todo o mundo, apenas um homem e sua família ainda adoravam a Deus. Este homem era Noé. Por causa de sua fidelidade e obediência, Deus o salvou, e também a sua família, do grande dilúvio que destruiu cada ser humano da terra. Esta parte nos mostra quanto Deus odeia o pecado e julga os que nele se deleitam.

A história da vida de Noé envolve não uma, mas duas trágicas inundações. O mundo, nos dias de Noé, estava inundado pelo mal. O número dos que se lembravam do Deus da criação, perfeição e amor estava reduzido a um. Noé era o único que restara dentre o povo de Deus. A resposta de Deus a esta situação crítica foram 120 longos anos de última chance, durante os quais Noé construiu um enorme barco em terra seca para estabelecer um tempo. Para Noé, a obediência significava um compromisso com um projeto em longo prazo.

Muitos de nós enfrentamos problemas ao realizar projetos, sejam estes dirigidos ou não por Deus. É interessante que a duração da obediência de Noé neste projeto tenha sido maior que o período de vida das pessoas hoje. O único projeto em longo prazo comparável a este é a nossa própria vida. Aqui talvez esteja o grande desafio que a vida de Noé nos oferece – viver, na aceitação da graça de Deus, uma vida inteira de obediência e gratidão a Deus.

 

GÊNESIS CAP. 10.

 

O propósito do capítulo 10 do livro de Gênesis é revelar como todas as nações e povos da terra descendem de Noé e dos seus filhos, após o dilúvio:

ORIGEM DAS NAÇÕES.

Os descendentes de Sem povoaram as regiões asiáticas, desde as praias do Mediterrâneo até ao oceano Índico, ocupando a maior parte do território entre Jafé e Cam. Foi dentre eles que Deus escolheu o seu povo, cuja história constitui o tema central das Escrituras Sagradas.

Os descendentes de Cam foram notavelmente poderosos no princípio da história do mundo antigo. Constituíam a base dos povos que mais relações travaram com os hebreus, seja como amigos, seja como inimigos. Eles estabeleceram-se na África, no litoral mediterrâneo da Arábia e na Mesopotâmia.

Os descendentes de Jafé formaram os povos indo-europeus, ou arianos. Embora não tivessem sobressaído na história antiga, tornaram-se nas raças dominantes do mundo moderno.

Decorridos 120 anos depois do dilúvio, os habitantes de Sinar começaram a construir uma torre, para, talvez, formalizarem algum culto idólatra. Mas Deus confundiu-lhes a língua que falavam, dispersando-os em seguida. Daí em diante, a torre passou a ser conhecida como Babel que, em hebraico, significa “confusão”. É bem provável que a torre de Belus, na cidade de Babilônia, haja sido a culminação de Babel. Constituía-se ela numa pirâmide quadrada de oito pisos, cuja base media mais de um quilômetro de circunferência. (Gn 10. 10; 11. 9).

Os descendentes de Sem eram chamados semitas. Abraão, Davi e Jesus eram descendentes de Sem. Os descendentes de Cam estabeleceram-se em Canaã, no Egito e na África. Os descendentes de Jafé estabeleceram-se, em sua maioria, na Europa e Ásia Menor.

 

(COMENTÁRIOS DA BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL E DA BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL)

 

 

 

 



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