O MINISTRO

23/09/2012 15:46

   Ministro é um título em evidência, na linguagem de nossos dias em relação aos oficiantes religiosos. É um termo bíblico e ocorre com freqüência tanto no Antigo como no Novo Testamento, com relação aos homens de Deus, escolhidos para o seu trabalho.

Neste capítulo, meditaremos a posição e as qualidades do ministro, antes de passarmos ao estudo dos dons ministeriais.

  1. A Posição do Ministro

   O termo sugere a idéia de eminência e, não raro, satisfaz aos sentimentos jactanciosos e ao orgulho próprio da natureza humana. Entretanto, em todas as ocasiões em que esta palavra  e suas derivadas ocorrem no Novo Testamento, há simplesmente a idéia de serviço ou servir. Assim, todas as vezes que pensarmos em nós como ministros, a idéia que devemos ter é de que somos servos. Servos daqueles que Deus colocou sob os nossos cuidados espirituais.

   É este o sentido de ministro em Romanos 12. 7. É este o mesmo conceito emitido por Pedro, ao dizer: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pd 3. 10).

   Com isto, concordam também as definições lexicográficas. Silveira Bueno define: “Ministro -  servidor, empregado, servo, criado, auxiliar, pessoa encarregada de ministrar alguma coisa, enviado político ou diplomático, pessoa incumbida de uma função administrativa, religiosa, social, jurídica, etc.”

   Era este propriamente o conceito que Paulo tinha de si mesmo ao gloriar-se de ser ministro de Cristo, mais que qualquer outro: “São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim) eu ainda mais” – e então enumera as suas destacadas posições de ministro: “ Em trabalho muito mais, muito mais em prisões; em açoites sem medida; em perigo de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas, uma vez apedrejado; em naufrágio três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas muitas vezes, em perigos de rios, em perigo de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias muitas vezes; em fome  e sede, em jejuns muitas vezes, em frio e nudez...”(2 Co 11. 23-27). Eis aqui as posições de um ministro de Cristo, descritas no Novo Testamento. É assim  mesmo que você pensa como ministro?

   Portanto, se alguém, pensando em si mesmo como ministro, pensa em ser honrado e está disposto a servir e a sofrer, estaria negando as verdadeiras características de um ministro de Cristo.

   A vida no seu melhor sentido, nada mais é do que um serviço de uns para com os outros. O empregado ajuda o empregador com o seu trabalho e este ajuda o empregado com a remuneração suficiente para a sua subsistência, etc. O exemplo: “O filho do homem não veio para ser servido, mas para servir...”(Mc 10. 45); Este foi o conceito que fez de si mesmo Àquele que foi chamado “ministro do santuário” (Hb 8. 2ª).

   É impressionante observar que nos últimos títulos ministeriais nada há de que apele para a vaidade humana, especialmente considerando os diferentes termos aplicados a um ministro de Cristo, tais como: trabalhador, jornaleiro, operário, obreiro, lavrador, vinhateiro, ceifeiro, pescador, pastor de ovelhas, despenseiros e outros.

   Na sua sabedoria, Deus usou palavras de origem humilde, que indicam trabalhos desprezados pelos homens orgulhosos do mundo, a fim de designar as funções daqueles que iriam realizar a obra mais nobre, mais benéfica, mais proveitosa e mais duradoura – eterna! É importante observar, também, que as palavras cujo significado designam ocupação nobre correspondem aos dons de Deus, os dons ministeriais e não propriamente ao homem.

   Por outro lado, podemos ver com clareza que um ministro de Cristo não é apenas um ministro religioso; é tudo mais que significa este título de dignidade; é servo, incumbido de ministrar aos servos sob seus cuidados; e administrar as coisas espirituais e eternas.

   Na parábola dos talentos, Jesus revelou sua confiança nos seus servos: “...Ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens...” (Mt 25. 14 e 15). O ensino deste trecho corresponde ao de Efésios 4. 8, 11 – subiu às alturas e concedeu dons aos homens. Quando Cristo subiu ao Céu, fez como o homem que viaja para um país distante: teve o cuidado de suprir a sua igreja de todas as coisas necessárias para o período de sua ausência. Deixou com ela os seus bens – os dons, entregando-os aos seus servos, de acordo com a capacidade de cada um, com o dever de administrá-los para o bem dos homens e para a glória de Deus.

  1. As Qualidades do Ministro

   A despeito da humanidade expressa nos termos referentes aos ministros – servos, tudo mais indica que esses homens humildes, embora desprezados pelos homens orgulhosos do mundo, devem conduzir consigo o adorno de uma conduta pela qual possam se impor ao respeito e à confiança de todos os homens. “Mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (1 Pd 2. 12).

   Fidelidade é o qualificativo invocado na aprovação do servo, no dia do ajuste de contas com o Senhor: “Muito bem, servo bom e fiel...” É o mesmo que ensinou o apóstolo Paulo: “Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (1 Co 4. 1, 2).

   Não deveriam ocupar o púlpito sagrado homens inescrupulosos em seus negócios. A sua palavra se torna chocante aos ouvidos das vítimas dos seus desajustes comerciais e de quantos deles tomam conhecimento. Suas pregações não compensam os impropérios e os massacres a que ficam sujeitos os que povoam a área sob a influência negativa dos seus negócios feios. A desconfiança que eles bem merecem pode atingir até os membros de sua igreja, prejudicando-os no seu conceito para com os de fora. Perdoem-me se pareço exagerado nesta opinião que já algumas vezes tenho externado: para cuidar dos seus compromissos financeiros com lisura e integridade, não precisa ser um justo, um santo, basta ser um homem de caráter... – entende?

   Quem não sabe administrar equilibradamente os seus próprios negócios, não cremos que possa administrar corretamente os da igreja e mesmo as coisas espirituais. O modo correto de proceder neste sentido deve estar também contido nesta recomendação de Paulo: “...Torna-se padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento...” (1 Tm 4. 12).

  

   Vivendo esta doutrina e ensinando-a aos irmãos, “...serás bom ministros de Jesus Cristo...” (1 Tm 4. 6).

                 DEUS TE ABENÇÔE.