O TABERNÁCULO

29/09/2012 20:34

Jesus como Sumo Sacerdote

Moisés recebeu ordem de Deus nos seguintes termos: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. Conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus vasos, assim mesmo o fareis” (Êx 25. 8, 9). Dali até o fim do livro, com exceção apenas dos capítulos 32, 33 e 34, que trazem  a história do bezerro de ouro e suas conseqüências, todo o espaço é ocupado com o Tabernáculo.

O Tabernáculo era uma tenda, um templo portátil, usado pelo povo de Israel no deserto. Estavam viajando e precisavam armar e desarmar, conforme tivessem de acampar ou levantar acampamento.

O Tabernáculo era o lugar permanente da presença de Deus entre o seu povo. “E o meu tabernáculo estará com eles, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Ez 37. 27). Esta profecia tem aplicação ao futuro glorioso de Israel, porque antes Deus diz: “...e o meu santuário no meio deles para sempre” (Ez 37. 26b).

Mas o Tabernáculo feito por Moisés e os israelitas naquele tempo era figura e sombra das coisas celestiais (Hb 8. 5).

O conjunto de partes e objetos do Tabernáculo abrange, com o seu simbolismo, as doutrinas mais destacadas ou as verdades fundamentais da revelação do Novo Testamento. Quanto mais conhecermos os detalhes do Tabernáculo, mais entenderemos a obra redentora de Jesus Cristo. Ele, “...por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos...por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (Hb 9. 11, 12).

A epístola aos hebreus explica o cumprimento da cerimônia do Tabernáculo na pessoa de Jesus, porém em quase todos os livros do Novo Testamento há alguma coisa, que só pode ser entendida com o conhecimento deste assunto.

Na Jerusalém celestial, não há templo porque o Senhor será o templo (Ap 21. 22). O Tabernáculo lembra a presença de Deus, mas o pecador só pode ir a Deus por Jesus Cristo. O Tabernáculo não tinha porta, estava sempre aberto, como o Senhor Jesus está sempre pronto para receber o pecador.

Antes de pensar no significado das peças ou objetos que estavam no Tabernáculo, é proveitoso saber a significação de outros símbolos que aparecem ali, como: pontos cardeais, cores, metais e outros objetos. Tudo tinha um sentido espiritual.

A entrada era do lado do nascente. A mesa era do lado para o norte, e o castiçal ao lado do Tabernáculo para o sul (Ex 40. 22, 24).

Na ordem das tribos no acampamento e na marcha pelo deserto, ficavam três ao nascente, três ao sul, três ao ocidente e três ao norte (Nm 2. 1-34). Os levitas ficavam ao redor do Tabernáculo, no meio dos exércitos (Nm 2. 17).

   Pontos Cardeiais

Norte. A idéia ligada a “norte” é de frio, refrescante. Os montes do Líbano, especialmente o Hermom, tinham neve. Quando o sol esquentava, a neve se derretia e fazia correr água na Palestina. No livro de cantares (4.16), a noiva está com o jardim com flores e pede que o vento norte vá embora e dê lugar ao vento sul para espalhar o aroma.

Sul. A brisa suave do Neguebe. O sul significa o que é agradável na vida, comumente uma situação agradável traz tentações ao descuido e relachamento.

Os judeus dão às palavras direita e esquerda, o sentido do norte e sul. A direita para eles, Iamin, donde vem o nome da região do Iêmen, é a parte sul da Palestina.

O norte é chamado esquerda. A Síria, ao norte da Palestina, é chamada na língua árabe, El-Scham, mão esquerda, ou norte. Na língua síria é Shâmi, mão esquerda ou norte.

A frente do Tabernáculo era para o nascente, assim à esquerda era o norte e à direita o sul.

Leste. O deserto, o vento quente. Era por onde vinha a ameaça dos inimigos. Também é pelo leste que vem o dia, o nascer do sol e a esperança. Em Lucas 1. 78, o Senhor Jesus tem o nome de “Oriente do Alto”.

Oeste. O mar, habitação de seres desconhecidos, a direção onde a luz se apaga. Em hebraico é “yam”, que quer dizer o mar.

As Cores.

Branco – pureza. Azul – cor do céu. Púrpura – cor imperial. Escarlata – cor dos reis de Israel. Por isso vestiram a Jesus com um manto escarlata (Mt 27.28) Carmezim – sangue. O Messias crucificado. Há semelhança entre carmezim e escarlata. O contexto pode ajudar a entender.

Os Metais

Ouro – o metal do santuário. Símbolo da divindade de Cristo. Algumas vezes vem a expressão “ouro puro”. Outras figuras são mencionadas como de “ouro” sem o qualificativo.

Prata. Simboliza a redenção, base de tudo, meio de aproximação entre o pecador e Deus. Conferir Êxodo 30. 11-16; 38. 25-28. Em Eclesiastes 12. 6, aparece “o cordão de prata”, quer dizer o fio da vida. Lembra a medula que tem a forma dum cordão branco. Quando se quebra, a pessoa morre.

Cobre – Pode ser entendido também como bronze. Estava no pátio, o altar e a pia eram de cobre. Lembra a purificação. No pátio a pessoa se purificava: da culpa, no altar, oferecendo um sacrifício; na pia se purificava de qualquer contaminação, lavando-se com água.

Outros Objetos

Madeira – Tipo da humanidade de Jesus. Usava-se madeira de lei, incorruptível. Na pia e no castiçal não havia madeira, porque seu sentido era: purificação, a pia; e luz divina, o castiçal.

Linho – Pureza e Santidade. Em Apocalípse 19. 8b, lemos: “...o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos”.

As Partes do Tabernáculo

No Pátio: o altar de cobre para os sacrifícios e a pia.

No Lugar Santo: a mesa, o castiçal e o altar de incenso.

 Santo dos Santos: a arca.

Simbolismo de cada Peça do Tabernáculo

Todo o Tabernáculo – A presença de Deus.

O pátio ou átrio – limites de aproximação do pecador a Deus.

Lugar Santo – formas de aproximação de Deus.

Santo dos Santos – Centro ou o coração do Tabernáculo.

Altar de cobre – Remissão.

Pia – Santificação.

Mesa dos Pães – Consagração ou comunhão com Deus.

Castiçal – Testemunho.

Altar de Incenso – Oração ou adoração.

Arca – Presença de Deus.

Na ordem que Deus deu a Moisés para fazer estes objetos, a Arca foi lembrada em primeiro lugar (Ex 25. 10). Era colocada no Santo dos Santos, onde só o sumo sacerdote podia entrar, uma vez no ano (Lv 16. 2, 29-31; Hb 9. 7). A data em que o sacerdote entrava ali era no Grande dia da Expiação, descrito em Levítico capítulo 16. O caminho para a presença de Deus ainda não estava aberto (Hb 9. 8). Quando Jesus morreu, o véu do templo se rasgou abrindo  este caminho.

A Arca (Ex 25. 10-16; Hb 9.4).

A ARCA era uma caixa de madeira de cetim, coberta de ouro por dentro e por fora. O comprimento era dois côvados e meio. Acredita-se que estas dimensões correspondiam a 1,25m x 0,75m x 0,75m. A largura e a altura eram iguais.

O comprimento é a eternidade de Deus, a altura, a divindade, a largura, a misericórdia, que se estende a todos os pecadores.

Em Efésios 3. 18 vêm as dimensões do amor de Deus: “a altura”, atinge todas as raças e classes de pessoas. É o amor de Deus no tempo, desde Adão até o fim dos tempos. “A altura”, a divindade, santidade e onipotência. “A profundidade”,  a misericórdia por meio de perdão, oferecido ao pecador mais aprofundado na impureza e na maldade...

A Arca tinha em seu interior: um pouco de maná, a vara de Aarão que floresceu e as tábuas da Lei (Hb 9. 4). Quando Salomão edificou o templo, só havia na Arca as duas tábuas da lei (1 Rs 8. 9). As tábuas de pedra representavam a justiça de Deus. O maná, o alimento dado por Deus no deserto (Ex 16. 14, 15), lembra a suficiência de Deus. A vara que floresceu (Nm 17. 1-10), sinal da soberania de Deus, que escolheu Aarão e seus filhos para o sacerdócio.

A Arca ficava escondida aos olhos dos homens. O Santo dos Santos, onde ela estava, era separado do Lugar Santo, por uma cortina grossa, chamada também véu. Quando o sumo sacerdote ia lá, uma vez no ano, levava sangue para aspergir a tampa da Arca e o incensário, de modo que a fumaça a ocultava de sua vista. Com a morte de Jesus, fomos feitos sacerdotes e agora podemos ter acesso à presença de Deus. “Tendo pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário pelo sangue de Jesus” (Hb 10. 19).

História da Arca:

Feita no tempo de Moisés, era conduzida durante a viagem no deserto. Atravessou o Jordão (Js 3. 3-17). Rodeou a cidade de Jericó em sua tomada (Js 6. 4, 9). Permaneceu em Siló cerca de 300 anos. Foi tomada pelos filisteus e devolvida (1 Sm 4-6).

Esteve em Bete-Semes e em Quiriate-Jearim. Davi a trouxe para Jerusalém e colocou-a numa tenda preparada por ele (2 Sm 1-17). Depois Salomão colocou-a no Templo (1 Rs 8. 4-9). Aí deve ter permanecido até ao fim do reino de Judá. Quando Israel foi para o cativeiro, o Templo deixou de funcionar, e nada mais a Bíblia diz sobre a Arca.

Tradições Sobre a História da Arca

Quando Nabucodonosor tomou Jerusalém, queimou a casa do Senhor, destruiu os vasos preciosos (2 Cr 36. 19) e levou para Babilônia muita coisa que pertencia ao Templo. Entre estas coisas são mencionadas: vasos de cobre, de bronze, bacias, pás, colheres e muito objetos de ouro e de prata (2 Rs 25. 13-17).

Na volta do cativeiro, o rei Ciro deu ordem para serem devolvidos aos israelitas aqueles vasos que eram de uso sagrado. Esdras, estando à frente do povo, recebeu e levou para Jerusalém aquelas coisas que o rei mandou entregar (Ed 1. 7-11). Não há qualquer referência à Arca na lista de coisas destruídas ou levadas por Nabucodonosor, nem entre as coisas devolvidas a Esdras. PARA ONDE FOI A ARCA?

A Bíblia não diz nada sobre isto, mas entre os judeus e cristãos existem várias tradições e opiniões sobre o fim da Arca.

Os judeus tem notícia da Arca até o tempo do rei Josias, depois daquele tempo nada mais sabem. No talmude  há esta: “a Arca Sagrada existiu até o tempo do rei Yoshiahu (Josias),  que a escondeu num dos departamentos do Templo”.

Há um pensamento de que ela desapareceu para sempre, baseado na profecia de Jeremias que diz: “...A Arca do concerto do Senhor, nem lhes virá ao coração, nem dela se lembrarão, nem a visitarão...” (Jr 3. 16b). Esta passagem se refere à restauração de Israel, quando Jerusalém será o trono do Senhor e Deus criar novos céus e nova terra (ver Isaías 65. 17, 18). Se a profecia de Jeremias tem sentido literal, tem razão esta idéia. Não conhecemos outras passagens para confirmar. Mas em Apocalípse capítulo 11 verso 19 diz: “ E abriu-se no céu o Templo de Deus, e a arca do seu concerto foi vista no seu templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos, e grande saraiva".  -  No porvir, iremos vê-la.

O Altar de Incenso

O incenso é símbolo de nossas orações (Sl 141. 2; Ap 5. 8; 8. 3). Este altar ficava diante do véu, porque nossas orações são dirigidas à presença de Deus.

O crente foi redimido pelo sacrifício de Jesus, agora tem direito de ir ao lugar das orações: a oração é o contato com Deus, a comunhão e a adoração.

Para Deus, o incenso queimado era considerado como cheiro suave. As orações feitas segundo sua vontade, são coisas agradáveis para Ele.

Quem pede, recebe alguma bênção (Mt 7. 7). Quem pede exatamente conforme a  vontade de Deus, recebe exatamente o que pede (Jr 29. 12; 1 Jo 3. 22; 5. 14).

Além de ser aplicado a nós, o altar de incenso é tipo de Jesus Cristo, nosso mediador. Ele roga ao Pai pelos que são dele (Jo 17. 9-21). Vivendo sempre para interceder por nós (Hb 7. 25).

O pecador que quiser ir à presença de Deus tem de percorrer este caminho: passar pelo Altar de cobre, Jesus Cristo na cruz; lavar as mãos (Tg 4.9) na Pia, o poder do sangue; fazer brilhar sua luz em contato com o Castiçal, a luz de Jesus Cristo; participar da Mesa, Jesus o Pão da vida; oferecer suas orações no Altar de Incenso; passar pelo véu que Jesus rasgou com a morte e finalmente chegar à Arca.

DEUS TE ABENÇÔE.